Linha do tempo do Podcast – Parte 2
Com a criação do feed rss 2.0, os sites agora poderiam colocar arquivos multimídia como áudios e vídeos nos itens do feed. Embora no começo não tenha sido uma prática tão usada, não demorou muito para que sites, dentro e fora do brasil, percebessem o real potencial que este recurso poderia trazer.
Lá nos Estados Unidos a coisa aconteceu de um jeito mais acelerado, contando com a divulgação de grandes meios de comunicação e celebridades da época, como Adam Curry, considerado o pai do podcast.
Já aqui no brasil, por mais que o desenho fosse promissor, as coisas demoraram demais para acontecer, um dos motivos pela falta de conhecimento dessa tecnologia ainda desconhecida para muitos do meio de comunicação. Ainda assim, pessoas com várias ideias diferentes colocaram suas iniciativas em práticas e algumas mostraram resultados.
No texto de hoje, vamos continuar nossa linha do tempo do podcast, contar como foi a sua propagação e como as coisas aconteceram aqui no brasil. Posso entrar no seu smartphone?
Recados
Hoje temos recados um pouco incomuns, mas não é nada com que se preocupar. O primeiro deles é, como de costume, uma recomendação. Se você chegou neste programa por esse episódio, eu sugiro que você ouça os episódios anteriores a esse sobre feed rss, assim você entenderá melhor como funcionam algumas ferramentas e principalmente, como tudo começou, além de saber sobre alguns termos e nomes que posso vir a mencionar neste episódio.
O segundo recado, como foi dito no episódio anterior, é que esse não é uma linha do tempo definitiva do podcast no mundo. Estes dois episódios funcionam mais como um guia dos eventos, então não o tome como palavra final.
A palavra do podcast se espalha
Então, nós paramos com a tecnologia do podcast já bem encaminhada. O serviço já estava operante e as dúvidas sobre o uso eram poucas, bastava agora por a mão na massa e começar a de fato usar essa nova forma de sindicância de conteúdo.
O nome podcast
Escrevendo para o The Guardian em fevereiro de 2004, o jornalista Ben Hammersley sugeriu o termo “podcasting” como um nome para a tecnologia que estava crescendo (E tecnicamente falando, é um termo mais apropriado). Sete meses depois, Dannie Gregoire usou o termo “podcasting” para descrever o download automático e a sincronização do conteúdo de áudio; Ele também registrou vários domínios relacionados ao “podcast” (por exemplo, podcast.net).
O uso do “podcast” por Gregoire foi escolhido por evangelistas de podcasting como Dave Slusher, Winer e o Adam Curry e entraram em uso comum. Também em setembro, Adam Curry lançou uma lista de email que teve uma discussão de mais de 100 mensagens, trazendo ainda mais atenção para os projetos de desenvolvimento de podcasting em andamento.
Em 28 de setembro de 2004, o blogueiro e colunista de tecnologia Doc Searls começou a acompanhar o quanto era pesquisado a palavra podcasts no Google. Sua primeira consulta supostamente retornou 24 pesquisas. Em 28 de setembro de 2004, havia 526 acessos no mecanismo de busca do Google para a palavra “podcasts”. Em 1 de outubro de 2004, havia 2.750 acessos no mecanismo de busca do Google para a palavra “podcasts”. Esse número continuou a dobrar a cada poucos dias.
Só que até então, era mais complicado registrar a distribuição inicial e a variedade de podcasts do que contar o número de pesquisas no Google. No entanto, até o final de outubro, o The New York Times havia divulgado podcasts nos Estados Unidos e no Canadá, Austrália e Suécia, mencionando tópicos de podcasts, desde tecnologia, passando pelo veganismo até críticas de filmes.
Digital Minds – O Primeiro Podcast Brasileiro
Alguns dias após isso, mais precisamente no dia 20 de outubro do mesmo ano. Danilo Medeiros criou o podcast Digital Minds, que surgiu como parte do seu blog pessoal sobre tecnologia. Vale ressaltar que este não foi o primeiro blog a disponibilizar arquivos de áudio para download, mas foi o primeiro a disponibilizar através de podcasting.
Em 15 de novembro do mesmo ano, O podcast do Gui Leite também foi criado. No primeiro episódio foi abordado a intenção de se fazer podcast para testar essa forma de distribuição de conteúdo.
Em dezembro ainda, surgiram os podcasts Perhappines de Rodrigo Stulzer no dia 3 e o Código Livre de Ricardo Macari no dia 13. No ano seguinte em 2005, vários outros programas foram iniciados, fortemente inspirados pelos primeiros representantes do podcast brasileiro. Desses, apenas o Código Livre ainda está disponível, os demais foram desativados e não podem ser mais acessados.
Primeiros Serviços Para Produtores
Em outubro de 2004, artigos detalhados sobre podcasts começaram a aparecer online, e um mês depois, a Liberated Syndication (Libsyn) lançou o primeiro Serviço de soluções para produção de podcast, oferecendo ferramentas de armazenamento, largura de banda e criação de RSS. De acordo com eles, até 2016 haviam sido registrados 4.6 bilhões de downloads somando todos os podcasts armazenados na plataforma.
Este foi o mesmo mês em que a Podtrac começou a fornecer seu serviço de rastreamento de download gratuito e pesquisa demográfica de audiência para a indústria de podcasting. Em 2016 a Podctrac de dividiu em dois segmentos e passou a patrocinar podcasts. Nomes conhecidos como o This American Life e Serial são exemplos de podcasts patrocinados pela Podtrac.Também foi em outubro que o termo “Podcasting” foi definido pela primeira vez na Wikipedia.
Em novembro de 2004, as redes de podcast começaram a aparecer em cena, com os podcasters se filiando uns aos outros. Um dos primeiros adeptos da grande mídia foi a BBC, com um dos seus programas, o Go Digital.
Apple Implementa Podcasts no Itunes
Em junho de 2005, a Apple adicionou podcasts ao iTunes, ainda na versão 4.9 na época, e construiu um diretório de podcasts em sua biblioteca de músicas. Com isso, era possível se inscrever, baixar e organizar podcasts através do Itunes, o que torna o uso de um leitor de feeds diferente desnecessário para muitos usuários do iphone.
Em julho de 2005, o presidente dos EUA, George W. Bush, tornou-se uma espécie de produtor de podcast, quando o site da Casa Branca acrescentou um feed RSS 2.0 aos arquivos previamente baixados dos endereços semanais de rádio do presidente.
Também em julho, o primeiro People’s Choice Podcast Awards foi realizado durante a Podcast Expo. Prêmios foram dados em 20 categorias. Em 28 de setembro de 2005, exatamente um ano após o primeiro rastreamento da palavra “podcasts” no mecanismo de busca do Google, o Google encontrou mais de 100.000.000 de acessos na palavra “podcasts”.
Em novembro de 2005, a primeira conferência Portable Media Expo e Podcasting foi realizada no Ontario Convention Center, em Ontário, Califórnia. A conferência anual mudou seu nome para o Podcast e New Media Expo, que parou de ser realizado em 2015. Em 3 de dezembro de 2005, “podcast” foi nomeada a palavra do ano em 2005 pelo New Oxford American Dictionary e seria no dicionário em 2006.
O Cenário Brasileiro
Como podemos ver, o cenário nos Estados Unidos já estava bem adiantado. Empresas e pessoas importantes viram logo de cara o potencial dessa ferramenta. Embora o cenário pareça monótono, se olharmos com atenção, o brasil não começou tão tarde quanto os Estados Unidos.
Em 2005 foi organizada a primeira edição da Conferência Brasileira de Podcast PodCon Brasil), primeiro evento brasileiro dedicado exclusivamente ao assunto, em 2 e 3 de dezembro em Curitiba, Paraná.
O evento foi organizado por Ricardo Macari e patrocinado pela cervejaria Kaiser, 89 FM e pelo Eddie Silva e posteriormente, passou a fazer parte do Fórum de Mídias Digitais e Sociais. Durante a PodCon 2005, foi organizada a ABPod – Associação Brasileira de Podcast, tendo sido indicado para presidente o podcaster Billy Umbella, mais conhecido como Maestro Billy, aceito por unanimidade.
Em 2008 também houve a primeira edição da PodPesquisa, a primeira ação voltada a analisar o perfil dos ouvintes brasileiros de podcast. A pesquisa contou com 436 respostas e foi novamente realizada em 2009, dessa vez com 2.487 questionários válidos.
Em 2009, vários novos podcasts surgiram e a tendência é de crescimento, embora haja preocupações sobre a possibilidade de uma nova onda de fim de podcasts, coisa que já ocorreu entre 2004 e 2005. Um indicativo desse crescimento são os vários portais dedicados exclusivamente à divulgação de podcasts, como o mundo podcast que contam com centenas de programas cadastrados.
Além disso, também foi ao ar em 27 de fevereiro o episódio piloto do Metacast, programa voltado exclusivamente para falar sobre podcasts, com dicas para iniciantes e questões técnicas gerais sobre o assunto, estimulando a criação de novos programas.
O Brasil tem caminhado bem nos últimos anos no quesito de produção de podcasts. No começo, muitos programas eram cópias uns dos outros e hoje há uma grande diversidade de programas e temas. Mesmo assim, temas mais conhecidos como a cultura pop não perderam espaço. Creio que nem a palavra “perder” é adequada e sim compartilharam.
Esse é o fim do mês do feed, eu espero honestamente que você tenha tirado bom proveito do que foi discutido nesses quatro episódios lançados no mês de maio. Para o próximo mês, vou falar um pouco mais sobre a internet e redes de computadores, é um tema que foi abordado logo no primeiro mês e que existe ainda um universo todo a ser explorado. Mais uma vez, muito obrigado a todos que acompanham o versão beta e até o próximo episódio, obrigado por escutar!
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